Categoria ganhou o direito de trabalhar 40 horas semanais. Governo irá recorrer
Após aguardar mais de um mês pelo
resultado do julgamento do processo no Tribunal de Justiça (TJ/RN), a
Associação dos Praças da Polícia Militar (Aspra) foi vencedora no
processo que pedia o estabelecimento de uma carga horária máxima de 40
horas semanais para os policiais e bombeiros militares. O caso começou a
ser julgado no dia 15 de junho e terminou na última segunda-feira após
dois pedidos de vista e uma suspensão. O procurador geral do Estado,
Miguel Josino, já informou que após a leitura do acórdão, que deve
acontecer hoje ou amanhã, o Governo irá recorrer da decisão junto ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ).
No final do ano passado, a Associação
entrou com um pedido para que os associados tivessem o mesmo benefício
dado a um policial militar de Nova Cruz, que conseguiu carga horária
máxima de 40 horas semanais determinadas pela Justiça. Segundo o
presidente da Aspra, Eduardo Canuto, a previsão era de garantir o
direito aos associados, mas o TJ decidiu abranger toda acategoria. “A
carga horária podia chegar a até 300 horas mensais e o limite da
Constituição são de 160 horas mensais”, declarou.
Canuto disse que a escala da Polícia
Militar é de 24 horas trabalhadas por 48 horas de folga. Porém, segundo
ele, muitas vezes os PMs entram numa escala extra e não recebem nada por
isso. Em uma medida recente, apenas os policiais que trabalham na rua
estão conseguindo tirar um turno a mais de folga. “Nos últimos quatro
anos, mais de três mil policiais entraram na Polícia. Não há razão para
sobrecarregar a categoria. Isso causa um desgaste à saúde”, enfatiza.
O comandante geral da Polícia Militar
do RN, Coronel Francisco Araújo, afirmou que ainda não tinha
conhecimento da decisão judicial e, por esta razão, não iria se
pronunciar. No entanto, ele informou que todo policial que trabalha em
serviço extra recebe uma diária operacional e que, atualmente, os
policias estão trabalhando em turnos e não em jornadas. “As jornadas são
de 24 horas de trabalho, os turnos são de 6, 8, ou 10 horas”, explicou.
Sobre a mudança na escala o coronel afirmou que precisará avaliar a
decisão judicial para afirmar se há policiais em número suficiente para
atender a demanda, atualmente, nos quadros da PM.
A decisão do TJ deverá levar o Governo
do Estado a elaborar um projeto de lei regulamentando a carga horária
dos policiais e bombeiros e envia-lo para a Assembleia Legislativa.
Eduardo Canuto lembrou que enquanto não houver regulamentação, a
administração estadual não pode obrigar os policiais a trabalharem mais
que o determinado pela Constituição. Em contato com a reportagem do
Diário de Natal, Miguel Josino disse que considera a decisão
inconstitucional e que o Estado vai recorrer ao STJ. “Quando o acórdão
for publicado, o prazo para entrar com um recurso é de 30 dias”,
explicou o procurador.
Comemoração
O presidente da Associação dos Cabos e
Soldados da PM (ACS/RN), cabo Jeoás Santos, considerou a decisão
judicial um avanço para a categoria, já que a redução da carga horária
era um pleito reivindicado hávários anos. No entanto, o cabo Jeoás
afirma que a preocupação agora é como essa decisão será colocada em
prática com o número de policiais militares na ativa. “Hoje, mesmo
trabalhando com uma carga horária excessiva, faltam policiais, então tem
que ser discutido e avaliado como essa decisão será colocada em
prática. Para que isso seja efetivado será necessário contratar mais
policiais”, disse.
Ele citou o exemplo de cidades do
interior que têm apenas três PMs para garantir a segurança da população.
“Em algumas cidades do interior um policial chega a ficar 24h sozinho
no plantão, por falta de efetivo”, afirmou. Segundo ele, atualmente
cerca de 9,6 mil PMs estão na ativa, quando o ideal seria 14 mil.
Jeóas explicou que atualmente a grande
maioria dos PMs trabalham em escala de 24h por 48h, o que totaliza 240
horas trabalhadas por mês. “Em 2009 foi criada uma carga horária de 12h
por 24h e 12h por 48h para o serviço motorizado, ou seja, para os PMs
que trabalham dirigindo viaturas, porque é humanamente impossível uma
pessoa dirigir com segurança por 24h. Mas, hoje, a grande maioria
trabalha em escala de 24h por 48h”.
FONTE: http://glauciapaiva.com/
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