MP investiga denúncia de que irmãos do deputado major Araújo trabalham em seu gabinete Deputado disse lamentar “muito” ser alvo de “denúncias infundadas” e “perseguição” por ter deixado a base aliada do governo estadual

 Além dos parentes, a promotora Marlene Nunes quer saber se o cabo Reginaldo, o sargento Delcione e o tenente Vilmar trabalham, respectivamente, como motorista, chefe de gabinete e funcionário parlamentar do deputado (foto) - Crédito: Carlos Costa

No dia 16 de dezembro de 2013 foi instaurado inquérito para investigar denúncia de que cinco policiais militares trabalham em desvio de função no gabinete do deputado major Araújo (PRP). Entre eles estariam dois irmãos do parlamentar, os sargentos Ário Alves Araújo e Cícero Alves Araújo. A investigação foi divulgada nesta terça-feira (11) pela assessoria de comunicação do Ministério Público de Goiás (MP-GO).

A pedido da promotora Marlene Nunes Freitas Bueno, o MP investigará o caso. A promotora quer descobrir se os dois irmãos do major Araújo estão mesmo lotados em seu gabinete. Além dos parentes, Marlene quer saber se o cabo Reginaldo, o sargento Delcione e o tenente Vilmar trabalham, respectivamente, como motorista, chefe de gabinete e funcionário parlamentar do deputado.

No documento de instauração do inquérito, a promotora requisita que major Araújo esclareça o caso e apresente, além de informações, documentos de todos os servidores lotados em seu gabinete com a descrição de suas funções. Caso fiquem comprovadas as denúncias de desvio de função e de o parlamentar ter dois irmãos em seu gabinete, ele será acusado com base na Lei de Ação Civil Pública e na Lei de Improbidade Administrativa.

“Lamento muito”

Procurado pelo O HOJE, o deputado major Araújo disse que é a segunda vez que a mesma promotora o investiga por suposta improbidade administrativa. Ele afirmou que as denúncias são infundadas. “Lamento muito isso”, declarou o parlamentar.

“Não é a primeira vez que ela (Marlene) vem com coisinha pequena e infundada contra mim.” Ao reclamar do que o deputado chamou de “possível perseguição política” por ter deixado a base aliada na Assembleia ao ir para o bloco da oposição ao governo estadual no Legislativo, o major Araújo informou que o sargento Delcione e o tenente Vilmar deixaram de estar à disposição do seu gabinete em dezembro de 2012. “O que eu tenho é um segurança, policial militar, o cabo Reginaldo, que presta serviços de segurança parlamentar, assim como todos os outros deputados também têm um segurança”, respondeu.

Segundo o major Araújo, o tenente Vilmar presta serviços de assessoria ao Comando Geral da PM. “Ele é bacharel em Direito, tem uma boa formação e presta um ótimo serviço ao comandante geral da corporação.” Já o sargento Delcione estaria lotado na 37ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).

Para o deputado, não há ilegalidade alguma em ter militares à disposição no gabinete. “Quem assina o ato é o comando da Polícia Militar, ela quem decide se o policial vai ficar à disposição e onde. Eu fui eleito por militares, qual o problema de eu ter militares trabalhando em meu gabinete?”, questionou o major Araújo.

Segurança militar 

O deputado disse já ter sido ameaçado uma vez, e por isso solicitou o serviço da Assembleia de segurança, feito pelo cabo Reginaldo. Segundo o major Araújo, o cabo Reginaldo está “à disposição da Assembleia” e cumpre todas as convocações, escalas e ordens da PM.
Além do cabo Reginaldo como segurança parlamentar, o deputando informou que conta com um bombeiro à disposição em seu gabinete.

Irmãos no gabinete

“Meus irmãos nunca trabalharam no meu gabinete e nem foram indicados por mim para entrar na Assembleia. Isso devia ser perguntado primeiro para a Polícia Legislativa da Assembleia, eles sabem que meus irmãos nunca trabalharam comigo”, se defendeu das denúncias o deputado.
Para ele, essa investigação é “política”. “Vou pedir retaliação do Ministério Público e quero saber quem é a fonte dessa denúncia, quero saber de onde veio essa informação”, pontuou o major Araújo.
O deputado afirmou que contribuiu duas vezes com o trabalho da promotora Marlene com denúncia e informações. O primeiro deles teria sido na investigação da morte dos delegados e agentes da Polícia Civil, que estavam no helicóptero policial que caiu perto de Piranhas, na região de Doverlândia, local em que eles tentavam elucidar uma chacina, em 8 de maio de 2012. “Levei agentes, policiais, delegados para a promotora ouvir e ajudar a resolver o caso”, alegou o deputado.

Ele disse que denunciou irregularidades em um edital para fornecimento de comida no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, no qual ele teria identificado falha que beneficiava uma empresa ligada ao empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. “Na época, ela não considerou minha denúncia.”

Promotora

O HOJE tentou conversar com a promotora Marlene Nunes Freitas Bueno, mas os funcionários de seu gabinete no MP informaram que ela estava em uma reunião no Ministério Público Federal (MPF).

Nenhum comentário:

Postar um comentário