Pergunta de concurso em Goiás exalta Governador Marconi Perillo

Mateus Coutinho - O Estado de S.Paulo

Com perguntas exaltando a "transformação política" em Goiás com a eleição do governador Marconi Perillo (PSDB) e criticando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, a prova de seleção do Serviço Militar Voluntário Estadual (Simve), da Polícia Militar goiana, passou a ser alvo de um inquérito civil do Ministério Público. 


Realizada no dia 9 de fevereiro, a prova de "Realidade étnica, social, histórica, geográfica, cultural, política e econômica do Estado de Goiás" afirmava na questão 1 que "em Goiás, a formação política dos candidatos foi transformada em 1999", em referência à primeira eleição do tucano como governador - ele está no terceiro mandato e tentará a reeleição. A pergunta ainda pede que o candidato identifique o partido de Perillo.


A terceira questão, por sua vez, cita "um dos maiores escândalos políticos do governo do então presidente Luís (sic) Inácio Lula da Silva e que abalou toda a confiança no seu mandato", em referência ao mensalão. 


Responsável por elaborar as questões e aplicar o exame, a PM de Goiás, corporação subordinada ao governador, informou que já anulou as duas perguntas e que abriu uma sindicância para apurar o episódio.


De acordo com a polícia, a prova foi elaborada por uma "comissão multiprofissional". 


'Província'. "É mais um dos absurdos praticados nessa província", afirma o promotor de Justiça Fernando Krebs. Ele lembra que já foram identificados vários problemas em provas de concursos públicos no Estado, mas esta é a primeira envolvendo promoção política.


Além do inquérito civil, o Ministério Público vai encaminhar o caso para a Procuradoria Regional Eleitoral avaliar se houve crime eleitoral. 


Parlamentares da oposição na Assembleia Legislativa também vão pedir a anulação do concurso. "Esse episódio demonstra claramente que o Simve é uma iniciativa politiqueira", disse o deputado estadual Major Araújo (PRP). Ele vai pedir a anulação do concurso com o deputado estadual Mauro Rubem (PT).

A assessoria de imprensa de Perillo não foi localizada ontem para comentar o caso. Na época em que o mensalão foi denunciado, em 2005, o tucano chegou a dizer que havia alertado Lula sobre a existência do esquema. / Colaborou Ricardo Chapola

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