O bolsa arma é uma medida extrema, mas que precisa ser adotada”
“A tendência é que nós sejamos a capital mais violenta do Brasil.“
“A Polícia Militar é hoje uma instituição que é um exemplo de
superação”, com essas palavras o deputado estadual Major Araújo (PRP)
começa a responder a entrevista exclusiva ao Hora Extra. De acordo com o
deputado, que faz parte da comissão de Segurança da casa, “Aqui, em
Goiânia, ficou comum matar pessoas dentro de suas próprias casas,
tamanha é a facilidade hoje de matar e roubar” e é por isso que apesar
de sofre duras críticas sobre o chamado projeto “Bolsa arma” o
parlamentar o defende: “Hoje o cidadão tem vivido à mercê da sorte, os
que têm condições de investir em segurança privada, investem e se sentem
seguro, mas, os que não têm, se sentem inseguros dentro de suas
próprias residências”
Hora Extra- Para o Sr. como anda, hoje, a instituição Polícia Militar em Goiás?
Major Araújo – A Polícia Militar é hoje uma
instituição que é um exemplo de superação. Não é fácil realizar o
serviço que a Polícia Militar realiza e conseguir os resultados que
consegue com um efetivo defasado. O efetivo da PM, hoje, por exemplo,
compreendem mais ou menos 11 mil policiais, destes 11 mil, nós temos uma
quantidade enorme de policiais afastados, nós temos os policiais das
bandas de músicas em torno de 350, o quadro de saúde mais 600 homens,
enfim, sobra para trabalhar, efetivamente, na PM, em torno de 9 mil
policiais e esses 9 mil tem atendido 246 municípios. Se nós fizermos uma
conta simples de policiais por municípios vai dar uma quantidade
irrisória e em um momento de contenção de gastos eles podem ser
mandados embora e o que a gente pode esperar com isso? Aumento da
violência, problemas e mais problemas e é o que nós temos assistido em
Goiás. Mas o trabalho da PM é fantástico. É um exemplo de superação.
Hora Extra – Deputado, como o senhor analisa a decisão do STF
em determinar a retirada do Simve – Serviço de Interesse Militar
Estadual – das ruas de Goiás? M.A – Graças a Deus que nós
temos o Supremo Tribunal Federal. A decisão foi totalmente acertada, a
contratação de policiais temporários causa uma instabilidade e como o
vínculo deles com o Estado é muito precário eles podem ser mandados
embora a qualquer momento numa contenção de despesas. A falta de efetivo
é um dos maiores fatores que contribui para o aumento de violência, o
mínimo que o Estado pode fazer é manter o efetivo trabalhando. A decisão
do Supremo contribuiu muito para Goiás no sentindo que a política
adequada para a segurança pública seja o concurso público. Essa é a
forma mais segura para atender com o mínimo de segurança pública o
cidadão goiano.
Hora Extra- Como o senhor analisa o crescimento da violência em Goiás?
M.A - O problema é justamente essa omissão. Nós não
temos aqui os investimentos adequados em relação a meios materiais, nós
não temos concurso público regular e deveríamos ter, para ir repondo o
efetivo. Nosso efetivo é velho, tem se aposentado em demandas muito
grandes e a cada ano nós estamos perdemos em torno de 700 policias a
1000 policiais por ano. O último concurso foi para 1000 contratações,
formaram 700 e foram embora para a reserva 2000 policiais, então, nós
não temos esse tipo de investimento e não temos investimentos, por
exemplo, em material. Hoje, se um caixa eletrônico é estourado no interior, os policiais ficam
refém dentro do próprio destacamento porque o armamento é incompatível
para fazer frente ao armamento que os bandidos utilizam. E os veículos
nem se fala. Então, hoje, a situação é muito desigual e tem que haver
investimentos tanto em materiais quanto em concurso público. Isso seria o
mínimo.
Hora Extra – Recentemente o Sr. Apresentou um projeto controverso que ficou conhecido como “bolsa arma”. Qual o objetivo deste projeto?
M.A - O bolsa arma é uma medida extrema, mas que
precisa ser adotada. Se o governo não tem conseguido atender minimamente
a segurança pública é preciso fazer alguma coisa. Hoje o cidadão tem
vivido à mercê da sorte, os que têm condições de investir em segurança
privada, investem e se sentem seguro, mas, os que não têm, se sentem
inseguros dentro de suas próprias residências.
Aqui, em Goiânia, ficou comum matar pessoas dentro de suas próprias
casas, tamanha é a facilidade hoje de matar e roubar. Nós somos campeões
de roubos de veículos proporcionalmente no Brasil. Tanto é que pra se
fazer seguro aqui em Goiás é mais caro que se fazer em Brasília, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul. E esses fatores todos demonstram que nós
precisamos de uma atitude mais fácil e barata que é pelo menos liberar a
arma.
Na verdade, não é nem liberar, porque o estatuto do desarmamento já
garante ao cidadão a utilização da arma desde que tire o porte
estabelecendo critérios para esta retirada. O que nós queremos é que o
governo incentive tanto a aquisição da arma como o treinamento e as
condições para que a própria pessoa possa portar esta arma. Os motivos
que o cidadão tem para apresentar-se na Polícia Federal para a retirada
do porte de arma ele tem de sobra. Goiânia é a capital onde a violência
mais cresce no Brasil e o Estado de Goiás também. E a tendência é que
nós sejamos a capital mais violenta do Brasil.
Hora Extra – o Sr, não acha que esse projeto pode aumentar o número de crimes?
M.A - Claro que não. Antes da entrada em vigor do
Estatuto do Desarmamento nós tínhamos aqui em Goiás 18 homicídios para
cada 100 mil habitantes, depois da vigência do Estatuto, há 13 anos,
esse número é de 44 homicídio para cada 100 mil habitantes, então, uma
medida que era para reduzir o índice de violência aumentou e está
comprovado que não foi uma medida efetiva.
Hora Extra – O que o Sr tem achado do atual governo Marconi?
M.A - Eu não consigo admitir o jeito que este atual
governo tem atuado. Eu falo com relação às medidas que se têm adotado na
Educação, na Segurança – que com as contratações temporárias adotou-se a
forma mais barata e a forma mais barata não é a melhor saída – na
Saúde, as terceirizações que foram feitas, nós sabemos que os hospitais
melhoraram, mas o atendimento piorou e não conseguiram atender toda a
demanda como era antes e são milhões de pessoas aguardando uma vaga para
cirurgia. O que nós mais recebemos aqui, no nosso gabinete, são pedidos
de ajuda para cirurgias e até para consultas com especialistas. O
Brasil não está preparado para as terceirizações, isso mostra uma
promiscuidade do público e do privado que tem sido tratado agora na
reforma eleitoral e Goiás tem ido à contra mão e eu vejo isso com muita
preocupação.
Hora Extra – Em sua opinião, como a oposição vem caminhando na Assembleia?
M.A - A oposição ainda não é muito coesa, eu
esperava que fosse melhor. Nós somos onze e eu esperava que esses onzes
pudessem fazer um trabalho melhor juntos. Mas dentro do possível, as
coisas têm sido feitas. Eu espero que até o final desta legislatura nós
consigamos um nível de maturidade que leve pelo menos a união da
oposição no sentido de fazer um debate democrático para auxiliar na
construção de um Estado melhor.
Hora Extra – O Sr pretendia ir para o Rede Sustentabilidade. Se o registro sair, o Sr. Mudará de partido?
M.A – Eu tenho repensado isso porque eu fiquei em
uma situação muito complicada quando o PRS estava para ser homologado e
não foi. Eu fiquei sem partido, então, hoje, eu tenho um compromisso
com o PRP que abriu as portas e qualquer decisão que eu tomar tem que
ser em comum acordo com o presidente. Eu sou muito fiel com quem é fiel
comigo, então, eu continuo pensando do mesmo jeito do PRS, acho que é
um modelo diferente, vou acompanhar a Marina Silva porque, para mim, ela
é a expressão política mais respeitada ou que deveríamos respeitar e
eu só farei qualquer mudança se ela estiver de acordo, do contrario eu
permaneço no PRP.
Hora Extra – O Senhor vai apoiar alguém para a prefeitura de Goiânia? Quem?
M.A – Quem é político tem que se posicionar e eu vou
apoiar sim algum candidato de oposição, mas ainda não sei qual. Nosso
partido tem ensaiado o lançamento de uma candidatura própria e tem até
um pré-candidato, ainda não tem nada definido, mas o certo é que vou
apoiar alguém.
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